A história do navio
Era uma vez um navio...
Navio grande, imponente, daqueles que parece resistir às maiores tempestades. Um navio daqueles que você olha e logo sabe que tem enorme potencial.
Mas esse navio tinha medo de partir.
Ele vivia em um porto que não era seguro. Um deck deteriorado por ferrugem. Vez ou outra uma explosão. Com frequência puxavam-lhe a âncora, ordenando que fosse. Puniam-lhe sempre que não atendia a expectativa do porto. Criticavam-lhe quando fazia algo que desagradava. Se sentia, muitas vezes, abandonado naquele porto. Mas mesmo assim, ele não conseguia partir.
Aquele navio, tão belo e imponente, parecia não saber do seu potencial. Parecia não acreditar que era capaz.
E um dia, alguém perguntou pro grande navio.
_ Navio, por que você não parte? Por que não vai conhecer outros mares, transpostar cargas e pessoas? Por que você não vai exercer a sua missão nesse mundo?
E o navio respondeu:
_Por que eu tenho medo de não poder voltar.
Essa é a metáfora do navio. Mas bem poderia se aplicar aos nossos filhos.
Filhos são como navios. Pra ter coragem de partir é preciso ter um porto seguro pra onde possam voltar sempre que preciso.
Por mais incômodo que seja, o nosso porto ainda é a nossa referência. É nossa raiz, é o local que conhecemos. É para onde queremos voltar.
Que tipo de porto temos sido pros nossos filhos?
Um porto instável, cheio de críticas, asperezas e fonte de inseguranças? Ou um porto seguro cheio de amor e acolhimento?
Que porto queremos ser?
27 de Abril de 2022